sexta-feira, 24 de julho de 2009

AMIGOS DA ONÇA !!


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Quatro onças pintadas, quatro suçuaranas e uma jaguatirica estão na Fazenda Preto Velho, a 40 km de Corumbá. Criada em 2001, é o primeiro ambiente especializado em felinos no Brasil.

Nádia Medeiros

É direito de todos ver a fauna e a flora deste país preservadas.” Assim a empresária Cristina Gianni, presidente da Instituto de Preservação da Fauna Silvestre Brasileira, defende e justifica a construção do criadouro de felinos em sua fazenda Preto Velho, que fica a 40 km do município de Corumbá de Goiás. Conhecida pela expressão em inglês non-extinction (Nex), a organização não-governamental tem um acordo de cooperação técnica com o Ibama, que recolhe os animais e os encaminha à reserva.

A curiosidade e dedicação pelos animais começaram quando, pelo sobrinho biólogo, Cristina inteirou-se sobre as condições de muitos felinos sob ameaça de fazendeiros, caça predatória e perda de território devido a queimadas e desmatamento. Em 2001, a ONG foi criada e hoje conta com quatro onças pintadas, quatro suçuaranas e uma jaguatirica. O primeiro hóspede, a suçuarana Juca, chegou em 2002 e veio da Serra do Cachimbo (PA). A fazenda Preto Velho é o primeiro criadouro do país especializado em felinos.

O propósito do criadouro é abrigar animais-problema, ou seja, que tenham sido vítimas de tráfico, maus tratos, que não se adaptaram aos zoológicos ou que viviam como animais domésticos. A preocupação com a qualidade de vida dos felinos levouà construção de dois grandes recintos na fazenda – um, de 400 m²; outro, de 500m² -, que tentam reproduzir as condições do habitat natural dos animais, com água corrente e muito verde.

Os animais são pesados e alimentados diariamente, e recebem a visita de um veterinário pelo menos uma vez por semana. Eles chegam a ingerir cerca de 40 kg de carne por dia. A instalação de uma clínica veterinária no local e a presença de veterinários e biólogos contribuem para o cuidado com os bichos. A presidente do Nex ressalta que, provavelmente, os animais sob os cuidados da ONG nunca mais voltarão para a natureza e estão fadados a viver em cativeiro para sempre.

Nós temos o sonho de reintroduzi-los no seu habitat, mas sabemos que, para a maioria, o processo seria complicado. Como eles são alimentados por humanos, tentariam se aproximar das pessoas para buscar comida, e aí, correriam o risco de ser alvo de caçadores novamente. Eles não têm mais referência de vida selvagem”, justifica Cristina.

Esse é o caso da onça pintada Gavião, que era criada como bicho de estimação por um fazendeiro. “Estamos tentando fazê-lo perceber que é uma onça, e não um animal doméstico”, conta Rogério Silva, um dos tratadores que mora na fazenda. Gavião, além de guardar as marcas da corrente que o amarrava, ainda foi mutilado e teve as garras extraídas. Hoje, tem dificuldades para comer e para andar. Mesmo assim, não perde o jeito brincalhão quando recebe uma visita.

O objetivo do projeto é crescer e receber cada vez mais animais. Para isso, a presidente do Nex prevê afoto4pautafelinos.jpg construção de mais dez recintos, de 25 m² cada, para pequenos felinos (jaguatiricas, gatos do mato) e outros seis, de 200 m², para animais maiores, como onças pintadas e suçuaranas. Enquanto as parcerias com a iniciativa privada não chegam, a ONG se sustenta com doações, vendas de camisetas, visitas de grupos, e o dinheiro dos donos, que são empresários.

Projeto paralelo

A ONG desenvolve o projeto “Onça ajudando gente” com o povoado de Aparecida de Loyola (GO), uma comunidade com cerca de 100 famílias, que fica a 4 km da fazenda. A idéia é fazer com que os turistas, após visitar as onças, sigam até o pequeno povoado, onde poderiam almoçar e comprar artesanato.

A vila ainda não tem estrutura para a construção de hotéis e grandes restaurantes, mas a pequena população está entusiasmada com o projeto e até uma associação de moradores foi criada. ‘‘Quando é que eu ia imaginar na vida que as onças ajudariam a gente a ganhar dinheiro?’’, surpreende-se Maria Rita Timóteo, presidente da recém-criada associação de moradores

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